domingo, 23 de novembro de 2008

Armandinho - Retocando o Choro - ao vivo (2003)



Lenda das cordas brasileiras desde muito jovem (ninado no berço pelos decibéis de seu pai, Osmar Macedo), Armandinho continua a reunir sensibilidade e técnica, choro e celebração, em seu mais novo disco, Retocando o Choro - ao Vivo, pela Biscoito Fino. Com formação minimalista - seu bandolim personalíssimo, acompanhado apenas por um violão (quase sempre de José Paulo Becker, mas alternando também as cordas de Yamandu Costa e Fabio Nin, do Tira Poeira ), o homem que fez história no carnaval da Bahia, à frente do Trio Elétrico de Dodô & Osmar, e sedimentou o pop/rock brasileiro nos ensolarados anos do grupo A Cor do Som, volta a dar tratamento incendiário ao universo do choro.
nada
Gravado em 2002, na Sala dos Archeiros, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, o álbum mostra Armandinho esmerilhando o choro como quem faz a ponte histórica entre a dolência das velhas noites cariocas e o frenesi do Farol da Barra, passando por influências roqueiras, de Arembepe a Woodstock. Apanhei-te, Cavaquinho, de Ernesto Nazareth, e Assanhado, de Jacob do Bandolim - esta, aqui numa versão de 8 minutos, presente no repertório de Armandinho desde os anos 70 -, aterrisam nos pampas, sob a co-pilotagem de Yamandu Costa, com escalas no Rio e em Salvador. O resultado é um diálogo virtuoso e percursivo, muito além do mero malabarismo técnico, em duas versões arrasadoras. O choro pilota um avião supersônico, quilômetros adiante da carruagem do conservadorismo.
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Noites Cariocas adquire entonação bluesy, aproximando Jacob de Jimi Hendrix. Outra de Jacob é Santa Morena, um dos temas mais freqüentes nas novas rodas cariocas de choro. Ao acentuar o caráter ibérico da melodia, Armandinho também encontra outra rota arabesca, sob a oriental praia baiano-lusitana, em Terra, de Caetano Veloso, com direito à citação do centenário Ary Barroso, de Na Baixa do Sapateiro. O errante navegante pula para o Pernambuco de Senival Bezerra em Duda no Frevo, homenagem ao líder de umas das mais tradicionais e envenenadas bandas do carnaval pernambucano. O bandolim de Armandinho e o violão de José Paulo Becker soam quase como uma orquestra inteira, transportando os paralelepípedos do Paço Imperial para as ladeiras momescas de Olinda.
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O violonista Fábio Nin, do Tira Poeira, um dos mais aplaudidos grupos da nova safra de chorões do Rio, participa de Lamentos do Morro (do seminal samba-jazzista Garoto), além da já citada Noites cariocas. Oceano, de Djavan, propõe um transatlântico de influências, com o bandolim de Armandinho revolvendo o abismo entre tradição e pós-modernidade, distorcendo notas decibélicas à dolência do arranjo original. Armandinho registra ainda Taiane, de seu pai, Osmar Macedo, e Sarajevo, dele, em parceria com Pepeu Gomes.
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fonte: Biscoito Fino
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1- Apanhei-te, Cavaquinho
2- Taiane
3- Lamento do Morro
4- Noite Cariocas
5- Sarajevo
6- Santa Morena
7- Terra
8- Duda no Frevo
9- Assanhado
10- Oceano

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