Maurício Carrilho - Choro Ímpar (2007)
Em seu mergulho profundo no universo do choro, Mauricio Carrilho busca, a cada novo trabalho, um caminho diferente. Os pontos de partida (os fundamentos da música brasileira) e de chegada (um resultado original e moderno) são os mesmos, mas os atalhos e desvios para ir de um a outro são, felizmente, múltiplos.
nada
Em 2005, quando compôs uma música por dia, em todos os dias do ano (o “Anuário do Choro”), Carrilho exercitou ao máximo a arte de desbravar caminhos. Deste trabalho nasceram séries menores, como as fantásticas “Moacirsantosianas” ou o conjunto de obras dedicadas aos times de futebol da cidade do Rio, que extrapola os conceitos de primeira e segunda divisão e presta belas homenagens como “São Cristóvão”, “Madureira” e “Canto do Rio”. Quando escreveu a “Suíte para Violão 7 Cordas e Orquestra”, Mauricio levou o choro a outras fronteiras, a outros palcos e outros públicos. Esta peça de concerto, que será apresentada pela OSB em 28 de abril (dois dias depois do 50º aniversário do compositor) tendo Yamandú Costa como solista, já foi tocada por outras grandes orquestras brasileiras, como a Osesp e a Petrobras Pro-Música, e até mesmo pela Orchestre National de France, em Paris, sob a regência de Kurt Masur, em março de 2007. Agora, quando lança um disco inteiro só de composições em compassos ímpares, ele mostra que não há limites para seu impulso criativo. E mostra também por que o choro, para além de um gênero musical, é também uma linguagem, e, como tal, passível de muitos dialetos.
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A música em compasso ímpar não é algo inédito. Os tratados musicais normalmente a citam no capítulo das curiosidades e exceções. Alguns compositores da tradição clássica se arriscaram em aventuras rítmicas ímpares. Na Venezuela e na Colômbia as formas e os compassos “quebrados” são freqüentes no repertório popular. Mesmo no ambiente do choro, não é propriamente uma novidade. Radamés Gnattali fez uso de ritmos quinários, e Cristóvão Bastos, com o choro ternário “Os Três Chorões”, acendeu a centelha da inspiração para este disco. E no entanto esta é a primeira vez que um compositor brasileiro se dedica a realizar um trabalho de fôlego como este.
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Mas cuidado ao tentar fazer isto em casa. Porque é preciso vivenciar muito o 2/4 característico do choro para poder transformá-lo em 5/4, 7/8 ou 11/8. Sabendo disso, Mauricio Carrilho escalou um elenco “sem par” para acompanhá-lo neste desafio. Luciana Rabello e Pedro Amorim, companheiros de tão longa data que são capazes de tocar choro até em 1/4, se Mauricio inventar de fazer. Rui Alvim, Pedro Paes e Marcelo Bernardes, os sopros do Sexteto Mauricio Carrilho, que já conhecem bem todas as entradas e saídas dos labirintos do choro. O conjunto assustador de feras formado por Cristóvão Bastos, Nailor Proveta, Arismar do Espírito Santo e Toninho Carrasqueira, sobre o qual não é preciso dizer nada, apenas ouvir. Naomi Kumamoto, a samurai do choro, que para nossa sorte corrigiu a tempo o equívoco do destino, que a fez nascer do outro lado do mundo. As percussões de Paulino e Thiaguinho, precisos no toque de guerra em 11/8. E a grata novidade de Marcus Thadeu dos Santos, o Thadeuzinho, saído da pequena cidade de Cordeiro para o mundo, formado pela Escola Portátil de Música, instituição que tem Mauricio Carrilho entre seus fundadores e coordenadores.
nada
“Choro Ímpar” pode parecer, à primeira vista, uma espécie de desafio, uma prova de virtuosismo na arte de compor. Nada mais falso. Acima da proposta ousada, está a música. Aqui, esses números primos, 3, 5, 7, 11, se tornam simples, dançantes como na polca “Maluquinha”, ancestrais como no “Afrochoro”, familiares como em “Saudosa”. Desta vez a valsa é em 5 e o choro é em 3, e isso é absolutamente lógico e natural. Porque, claro, nem sempre dois e dois são quatro.
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fonte: Acari Records
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1- Seu Cristovão
2- Dino
3- Meira
4- Canhoto Tramontano
5- Maluquinha
6- Afrochoro (Em Tempo de Paz)
7- Cachaça
8- Cenas Cariocas (Gafieira)
9- Cenas Cariocas (Saudosa)
10- Cenas Cariocas (Ladeira)
11- Cenas Cariocas (Jongueiro)
12- Schottisch da Noite
13- Trinta e Três
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
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3 comentários:
Olá, Eumes!
Vieram apenas duas faixas:
1- Seu Cristovão
2- Dino
As seguintes faixas não vieram e não descompactam:
3- Meira
4- Canhoto Tramontano
5- Maluquinha
6- Afrochoro (Em Tempo de Paz)
7- Cachaça
8- Cenas Cariocas (Gafieira)
9- Cenas Cariocas (Saudosa)
10- Cenas Cariocas (Ladeira)
11- Cenas Cariocas (Jongueiro)
12- Schottisch da Noite
13- Trinta e Três
Se puderes fazer novo upload, obrigado!
Parabéns pelo blog,vim no encalço do 'Choro Ímpar' do Carrilho mas ao me deparar com a seleção de altíssimo nível é indubitável que levarei muito mais.
Encantada com o espaço!
Grata.
De uma forma parecida com a amiga de cima, vim na busca do "Choro ímpar", e me deparei com este sensacional blog.
Realmente, para os amantes da MPB e instrumental em geral, é uma jóia.
Grande abraço
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